CTVacinas E UFMG Desenvolvem Solução Para Subvariantes (CTVacinas/Divulgação)

Mundo conhece a subvariante mais potente: e a UFMG tem a solução

Responsável por até 80% dos casos de Covid-19 em algumas localidades, como em Nova York, a XBB.1.5 – conhecida como Kraken – é a subvariante mais potente já conhecida desde o início da pandemia. É o que concluem cientistas mundo afora após avanço no número de casos.

O Brasil já registra infectados pela subvariante da Ômicron, mesmo que a onda causada por ela ainda não tenha chegado ao nosso país. E mais: os brasileiros são responsáveis por uma saída às aparições de subvariante – não só da Kraken, como de outras.

Vamos explicar tudo isso.

Para começar, a dúvida de muitos: não vai mais parar de aparecer subvariantes?

“Não”, responde Flávio da Fonseca, professor da UFMG e integrante do Comitê Gestor do CTVacinas.

“Surge variante o tempo todo. Subvariantes são resultado de pequenas mutações que não são tão relevantes para se tornarem uma nova variante, mas fundamentalmente diferentes daquelas que lhe deram origem”, explica o doutor em Microbiologia.

E qual a história da Kraken, cujo nome é inspirado no mitológico monstro marinho que destruía embarcações?

“Essa nova subvariante provavelmente nasceu na Ásia, ainda chamada de XBB. Já era muito eficiente para driblar sistemas imunológicos protegidos por vacina e/ou infecção anterior. Mas não era muito capaz na hora de infectar células”, diz Fonseca.

“E aí, em algum momento ainda não documentado, a subvariante chegou aos EUA, onde ‘corrigiu esse defeito’: continua sendo muito eficiente para driblar sistema imunológico e, agora, também é muito eficiente para infectar”, afirma o professor.

Subvariante manteve característica eficiente e 'corrigiu defeito' (Virgínia Muniz/CTVacinas)

Subvariante manteve característica eficiente e ‘corrigiu defeito’ (Virgínia Muniz/CTVacinas)

A mais potente

Não há dúvida no meio científico de que a Kraken (XBB.1.5) é mais potente do que, por exemplo, a BQ1, responsável pela última grande onda, no fim do ano passado.

Mas são duas boas notícias!

“O aumento de casos, mais uma vez, não vem acompanhado de aumento de casos graves e internações”, afirma Flávio da Fonseca. “Portanto, há dois anos, uma nova onda era um novo massacre. Com boa parte da população mundial imunizada, a curva de casos vem descolada de casos graves e óbitos”.

E temos uma solução caseira!

A SpiN-TEC MCTI UFMG. Isso mesmo: a primeira vacina 100% brasileira também carrega grande dose de esperança de ser muito eficiente contra todas essas subvariantes – e as que estão por vir.

“O nosso imunizante, que está na fase de testes clínicos, é baseado em um antígeno que tem tido poucas variações. Portanto, tem um potencial alto de ser mais eficaz contra essas subvariantes do que vacinas baseadas exclusivamente no antígeno S”, explica um dos coordenadores do CTVacinas.

 

SpiN-TEC MCTI UFMG é a primeira vacina 100% brasileira a chegar aos testes clínicos (CTVacinas/Divulgação)

SpiN-TEC MCTI UFMG é a primeira vacina 100% brasileira a chegar aos testes clínicos (CTVacinas/Divulgação)

E sabe quais dessas vacinas mais conhecidas são baseadas no antígeno S? Todas (AstraZeneca, Pfizer, Janssen etc.), com exceção da CoronaVac.

“Por isso, já estão produzindo vacinas bivalentes, que usam metade original e metade com proteína da Ômicron. A SpiN-TEC tem um pedacinho da proteína S, mas a maior parte é da proteína N. Ela não neutraliza o vírus, mas é reconhecida pelo sistema imune”, esclarece Flávio da Fonseca.

Ou seja: a SpiN-TEC MCTI UFMG é uma intensa indutora da célula T, que compõe o sistema imunológico com os anticorpos.

Solenidade marca a primeira aplicação em voluntário de vacina 100% brasileira (Foca Lisboa/UFMG)

Solenidade marca a primeira aplicação em voluntário de vacina 100% brasileira (Foca Lisboa/UFMG)

Como se proteger?

Se tudo transcorrer bem, a nossa vacina 100% brasileira chegará aos braços da população no próximo ano. Então, o que devemos fazer até lá para driblar essas subvariantes?

“Não tem segredo. Estar em dia com a vacinação – o que inclui se vacinar com as doses de reforço (que passamos a chamar de terceira ou quarta dose)”, crava Fonseca.

“E tomar aqueles cuidados que todos já conhecem. Está com algum sintoma gripal? Não saia de casa. Se não existir essa opção, saia com máscara”, complementa.

Com o Carnaval se aproximando, as orientações devem ser reforçadas. “Sofremos muito para chegar nesse ponto de flexibilização. A folia não deve ser cancelada, mas todos devem ter consciência: se estiver gripado, não vá a bloco algum”.

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