Cientista Brilhante, Alexandre Machado Deixa Legado Profissional E Exemplo Pessoal (Reprodução/SBI)

Nota de pesar: Alexandre Machado

O CTVacinas, assim como todos os integrantes, lamenta profundamente o falecimento de Alexandre de Magalhães Vieira Machado, doutor, pesquisador do Centro de Pesquisas René Rachou e pesquisador associado do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG.

O velório será realizado das 15h às 16h20 desta segunda-feira (20), no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte.

Respeitado, admirado e querido por todos, o doutor em Microbiologia deixa grande legado profissional, além de exemplo como pessoa e cientista brasileiro.

“Alexandre era uma pessoa muito culta e também aficionado pela série Guerra nas Estrelas, da qual também conhecia todos detalhes. No concurso da Fiocruz passou em primeiro lugar geral entre 2000 candidatos”, lamenta o coordenador do CTVacinas, Ricardo Gazzinelli (leia a nota completa abaixo).

“O mundo perdeu um exemplo de colega e cidadão. Sempre super educado e correto. Um amante de conhecimentos gerais, desde guerras – seu assunto favorito -, história, geografia, literatura e línguas. Triste saber que não poderemos mais ter a honra de aprender com ele”, afirma Caroline Junqueira, pesquisadora associada e uma das fundadoras do CTVacinas.

Gentil, educado, culto, prestativo e apaixonado pela profissão, Alexandre foi o responsável pela introdução da técnica de “genética reversa” no Brasil, após finalizar seu doutorado no Instituto Pasteur, em Paris, em 2002.

Também foi presidente da Comissão Interna de Biossegurança (CIBio).

Perda imensurável

Alexandre era referência como cidadão e pesquisador.

“Dotado de um senso de moral rígido e extremamente ético, Alexandre era um patriota quase ufanista, um exemplo de amor e orgulho por seu país”, enaltece Flávio da Fonseca, integrante do Comitê Gestor do CTVacinas.

“Alexandre era um gentleman, como poucos sabiam ser, sempre prestativo e gentil. Para mim, uma marca nos seus relacionamentos pessoais e profissionais que cativava todos nós!”, presta homenagem Ana Paula Fernandes, também do Comitê Gestor do CTVacinas.

“Alexandre era apaixonado pelo tema influenza. Ao retornar de Paris, foi trabalhar no meu laboratório. Neste período, com a participação de outros colegas implantou os modelos de vírus não replicantes, no caso influenza, MVA e adenovírus. Estas plataformas foram aplicadas a várias vacinas contra protozoários. Entre elas, uma vacina se destacou com o adenovírus para doença de Chagas, a qual gerou mais de uma dezena artigos de uma vacina profilática e terapêutica, que já poderia ter sido testada em ensaios clínicos”, relata Gazzinelli.

Confira a nota do Ricardo Gazzinelli na íntegra:

É com muito pesar que fiquei sabendo sobre o falecimento do nosso colega Alexandre Machado. O Alex, ao retornar de Paris, onde fez o doutorado, foi trabalhar no meu laboratório. Neste período, com a participação de outros colegas (Oscar, Flavio e Braulia) implantou os modelos de vírus não replicantes, no caso influenza, MVA e adenovírus. Estas plataformas foram aplicadas a várias vacinas contra protozoários. Entre elas, se destacou uma vacina com adenovírus para doença de Chagas, a qual gerou mais de uma dezena artigos de uma vacina profilática e terapêutica, que já poderia ter sido testada em ensaios clínicos, não fosse nossas dificuldades de infraestrutura e financiamento. Mais recentemente voltamos a trabalhar juntos para desenvolver uma vacina para COVID-19, e ele participava ativamente das reuniões do CT-Vacinas.
 
O Alexandre era apaixonado pelo tema influenza. Aprendi muito com ele. Já em 2005 ele já nos alertava sobre o perigo de uma pandemia. Estava sempre de prontidão para usar a plataforma da genética reversa para gerar uma vacina para vírus pandêmicos. Sabia nos detalhes toda a história das pandemias e importância do vírus influenza no desenvolvimento das ciências biomédicas e da saúde pública no mundo.
 
Alexandre era uma pessoa muito culta e também aficionado pela serie Guerra nas Estrelas da qual também conhecia todos detalhes. No concurso da Fiocruz passou em primeiro lugar geral entre 2000 candidatos. No dia 8 março deste ano, dia internacional da mulher, ao felicitar nossas colegas durante o seminário, ele foi aplaudido por cotar uma fala da Margareth Thatcher “se você quiser que alguém fale peça um homem, se você quer que alguém faça peça uma mulher”.  
 
Alexandre era uma pessoa introspectiva, o que muitas vezes não lhe ajudava, especialmente nos últimos anos que estava muito isolado. Sendo essa pessoa peculiar, no jeito dele, tinha nossa admiração e tínhamos um carinho especial por ele.
 
Que ele descanse em paz, e com certeza guardaremos as boas lembranças de nossa convivência durante estes anos de UFMG e Fiocruz.
 
Estamos todos abalados!

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