Natália S. Hojo-Souza Foi Uma Das Pesquisadoras Responsáveis Pelo Estudo (Arquivo Pessoal)

Estudo liderado por pesquisadores do CTVacinas é publicado em revista internacional

Um estudo de relevância internacional, liderado por pesquisadores do CT Vacinas, foi publicado em uma das melhores revista sobre vacinas. O artigo, assinado por 17 cientistas brasileiros, demonstra que a nova plataforma vacinal – também chamada de vacina de DNA – apresenta vantagens no combate às variantes do SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19.

Entre os trunfos observados, estão custos de produção mais baixos, fácil manipulação, armazenamento e transporte e, principalmente, a proteção vacinal.

O artigo “Differential requirement of neutralizing antibodies and T cells on protective immunity to SARS-CoV-2 variants of concern” foi publicado na revista internacional NPJ-Vaccines, do grupo Springer Nature, a de mais alto impacto entre os periódicos especializados em vacinas.

A pesquisa buscou comparar as respostas dos anticorpos neutralizantes e dos linfócitos T, responsáveis pela “memória imunológica”, contra a cepa de Wuhan e variantes Delta, Gama e Ômicron do coronavírus SARS-CoV-2.

Os resultados apontaram que os linfócitos T induzidos pela vacinação são os responsáveis pela proteção contra as variantes Gama e Ômicron do SARS-CoV-2, diferentemente do que acontece na proteção contra a cepa de Wuhan e variante Delta, cuja proteção é mediada principalmente por anticorpos neutralizantes.

Qual a diferença?

“Anticorpos neutralizantes se ligam à superfície do vírus e impedem a interação do vírus com o receptor da célula-alvo do hospedeiro. Ou seja, eles são capazes de bloquear a infecção. No caso das células T de memória, elas conseguem identificar a célula infectada e eliminá-la”, explica a pesquisadora do CTVacinas e da Fiocruz, Natália S. Hojo-Souza.

E onde entra o diferencial da vacina de DNA?

A pesquisadora e líder da Plataforma de Testes Pré-Clínicos, Natália S. Hojo-Souza, conta que a plataforma de vacinas de DNA não é recente, mas foi a pandemia de COVID-19 que viabilizou a primeira aprovação de uma vacina desse tipo para humanos.

Arte explica estudo realizado

Arte ilustra resultados obtidos pelo estudo

“A primeira vacina de DNA aprovada para uso humano foi contra COVID-19. Apesar da plataforma em si já ser testada há muito tempo para diferentes tipos de doenças, a urgência na produção de vacinas desenvolvidas em diferentes plataformas devido à pandemia facilitou a aprovação de uma vacina de DNA para uso emergencial, a ZyCoV-D que é uma vacina indiana”, conta Natália.

“Acontece que, além do fato dessa plataforma ser mais fácil de se trabalhar, é possível atualizar a vacina – como agora, por causa das variantes. Ela pode ser modificada mais rapidamente”, explica a pesquisadora.

E tem mais!

O artigo destaca ainda que a vacina de DNA apresenta vantagens práticas em relação ao alto custo e baixa estabilidade de outras vacinas, como as de mRNA, adenovírus, e de vírus inativado.

“No caso do Brasil, isso é muito importante. O DNA é muito estável: possibilita o transporte da vacina em temperatura ambiente. Se a gente pensar em transporte com barco, realidade de muitas localidades no norte do Brasil, como transportar vacinas que requerem temperaturas muito baixas e garantir a segurança?”, ressalta Natália S. Hojo-Souza.

Trunfo contra Ômicron e variantes

A pesquisa ainda conseguiu demonstrar como a resposta imune é diferente de acordo com a variante que está sendo estudada. No caso da Ômicron, os anticorpos neutralizantes não atuam da mesma forma que contra a cepa de Wuhan e variante Delta.

“Os anticorpos neutralizantes induzidos pela imunização com a proteína Spike da cepa de Wuhan já não são capazes de neutralizar a variante Ômicron, que apresenta mais de 30 mutações só nessa proteína. Mas as células T são capazes de auxiliar a combater a infecção causada pela variante Ômicron, pela ativação das células de memória, conta a pesquisadora do CTVacinas.

O artigo publicado em fevereiro detalha ainda que, apesar de as células T não prevenirem a infecção pelo vírus, a proteção imune conferida por essas células é essencial para barrar a replicação e disseminação do vírus e prevenir doenças graves. Sendo assim, vacinas que induzem respostas de linfócitos T contra SARS-CoV-2 têm se mostrado bastante promissoras no contexto atual de emergência de variantes.

 

 

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