Ana Paula Fernandes Fala Durante Audiência No Senado Federal

Senado Federal convoca CTVacinas para debater capacidade brasileira

A capacidade do Brasil de desenvolver vacinas eficazes e seguras. Esse foi o tema de audiência realizada nessa quarta-feira (29) no Senado Federal, e uma das especialistas convidadas foi Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CTVacinas.

“A realização dessa audiência foi muito importante porque traz um alerta para o Congresso Nacional, o Executivo e a população em geral: o Brasil precisa investir mais porque ainda temos inúmeras doenças para as quais o gasto público em adoção de medidas de controle é extremamente elevado e a perda de vidas no Brasil muito significativa”, resume Fernandes, também professora da UFMG.

A reunião foi convocada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática (CCT). Além de Ana Paula, participaram da mesa:

  • secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marcia Cristina Bernardes Barbosa
  • chefe do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e pesquisadora associada do CTVacinas, Irene Soares
  • diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos da Fundação Butantan, Gustavo Mendes
  • gerente de Unidade do SENAI CIMATEC, Luis Alberto Breda Mascarenhas
  • senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)

Desafios

Os especialistas compartilharam de uma mesma visão: a importância do Brasil ter as condições necessárias para não só fazer pesquisa, mas também para produzir novas vacinas em boas práticas de fabricação.

“E também foi consenso qual é o maior gargalo: a infraestrutura e a expertise para a produção dos lotes clínicos, ainda piloto, para a realização dos ensaios clínicos (fases 1, 2 e 3) em condições de boas práticas de fabricação”, reforça Ana Paula Fernandes.

Audiência no Senado Federal debate capacidade do Brasil de desenvolver vacina
Audiência no Senado reuniu especialistas de todo o Brasil, incluindo Ana Paula Fernandes (Pedro França/Agência Senado)

“Eu tinha a impressão de que o Brasil é um grande desenvolvedor de vacinas. Acho que a grande parte dos brasileiros, se bobear, tem essa impressão. Até que olharam pra mim e falaram: ‘não, a gente nunca desenvolveu vacina’. E me explicaram que a gente fabrica vacina com tecnologia de outros países”, contextualizou, durante a audiência, o senador Astronauta Marcos Pontes, que foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação.

“Qual é o nosso problema? A gente tem a academia, mas não tem um setor intermediário que pegue essas ideias e otimize para entregar para o setor das Big Pharma [indústria farmacêutica mundial]”, endossou a secretária do MCTI, Marcia Barbosa.

Perspectiva

O gargalo é consenso: a ponte entre a academia e a indústria – justamente, o processo conhecido no Brasil como “vale da morte”. Qual é a solução?

“Nesse sentido, o CNVacinas, o Centro Nacional de Vacinas, vai cumprir um papel muito importante na medida em que ele estiver pronto”, complementa a integrante do comitê gestor, ao se referir ao próprio CTVacinas, que se prepara para se transformar no Centro Nacional de Vacinas.

A SpiN-TEC, inclusive, é a primeira vacina 100% brasileira a chegar no estágio de testes clínicos. O imunizante desenvolvido pelo CTVacinas está na segunda de três fases dessa última etapa antes de chegar aos braços da população.

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