The Francis Crick Institute, O Maior Laboratório Biomédico Da Europa, Foi Visitado Em Londres (Caroline Junqueira/CTVacinas)

UFMG e CTVacinas superam mais uma etapa rumo à referência global

O CTVacinas e a UFMG deram mais um passo rumo à consolidação como referência internacional no desenvolvimento de vacinas. Uma equipe formada por professores da universidade e pesquisadores do Centro de Tecnologia de Vacinas visitou a estrutura e os cientistas responsáveis, na Universidade de Oxford, pelo desenvolvimento do primeiro imunizante contra Covid-19 liberado no Brasil, a Oxford/AstraZeneca.

O objetivo foi justamente observar e aprender em um dos poucos locais do mundo onde existe, em ambiente acadêmico, um laboratório autorizado para produzir vacinas para o início dos testes clínicos, ou seja, em humanos.

“Eles possuem laboratório BPF (Boas Práticas de Fabricação) para produzir vacinas em escala piloto, justamente para as fases 1 e 2 dos testes clínicos. A maioria das estruturas no mundo são de indústrias farmacêuticas, que produzem em escalas muito maiores”, afirma Caroline Junqueira, pesquisadora associada e uma das fundadoras do CTVacinas.

A visita realizada no fim de janeiro – entre os dias 23 e 27 – contou com a participação, além da própria Caroline, do pró-reitor de Pesquisa da UFMG, Fernando Marcos dos Reis; e dos pesquisadores do CTVacinas Ana Paula Fernandes, Helton Santiago e Santuza Teixeira.

Inspiração

A visita é mais uma etapa da transformação do CTVacinas em Centro Nacional de Vacinas, cujas obras já foram iniciadas em terreno do BH-TEC (Parque Tecnológico de Belo Horizonte).

“Aprendemos muito! Eles possuem um laboratório BPF pequeno, com equipamentos que possuem até 20 anos. Só que é super funcional. Isso mostra que não é preciso uma estrutura supermoderna, pois o fundamental é montar uma equipe com pessoas empenhadas, entusiasmadas. Ou seja, estamos no caminho certo”, reforça Caroline, também pesquisadora na Fiocruz e Harvard.

Equipe da UFMG e do CTVacinas conheceram a estrutura da Universidade de Oxford (Caroline Junqueira/CTVacinas)

Equipe da UFMG e do CTVacinas conheceram a estrutura da Universidade de Oxford (Caroline Junqueira/CTVacinas)

A equipe brasileira de pesquisadores ainda se reuniu com o professor líder da equipe responsável pela vacina Oxford/AstraZeneca, Adrian Hill, e com a pesquisadora brasileira que liderou o teste clínico deste mesmo imunizante, Daniela Ferreira.

“Tivemos várias reuniões, aprendemos e nos inspiramos. O Adrian Hill, por exemplo, sugeriu durante nossa visita a criação de uma rede de institutos com experiência em desenvolvimento de vacina. A ideia é aprender com erros e acertos”, afirma Caroline Junqueira.

Uma outra reunião teve como foco o desenvolvimento de um imunizante contra a malária. “Conversamos com um pessoal que injeta o parasita para testar a eficácia da vacina, o que é feito em pouquíssimos locais no mundo”.

IMS-Tetsuya Nakamura Building é uma das estruturas da Universidade de Oxford (CTVacinas/Divulgação)

IMS-Tetsuya Nakamura Building é uma das estruturas da Universidade de Oxford (CTVacinas/Divulgação)

Londres

A equipe ainda viajou a Londres, onde visitou The Francis Crick Institute, o maior laboratório biomédico da Europa.

“É muito fantástico! Ao contrário do laboratório BPF em Oxford, a estrutura do instituto é muito impactante, é algo de outro planeta – mesmo para quem fica em Harvard, como eu. Visitamos, por exemplo, os espaços das plataformas tecnológicas e laboratórios de nível de biossegurança 3”, inicia Caroline Junqueira.

Equipe conhece a imponente estrutura do Instituto Francis Crick, o antigo Centro de Pesquisa Médica e Inovação do Reino Unido (CTVacinas/Divulgação)

Equipe conhece a imponente estrutura do Instituto Francis Crick, o antigo Centro de Pesquisa Médica e Inovação do Reino Unido (CTVacinas/Divulgação)

“O Instituto ainda abriga laboratórios de nível de biossegurança 4, que não existe no Brasil. E eles conseguiram construir uma estrutura no meio de Londres onde se trabalha, por exemplo, com ebola e vírus respiratórios altamente infecciosos”, complementa.

Vanguarda

O CTVacinas caminha para se tornar o Centro Nacional de Vacinas, uma estrutura com cinco pavimentos, que inclui um laboratório NB3, por exemplo. O objetivo é ser capaz de fazer toda o desenvolvimento de uma vacina no centro.

“É uma estrutura que não existe, hoje, no Brasil. Tem como objetivo tornar nosso país autossuficiente em todas as etapas da produção, conceitualização, desenvolvimento, estudo científico até o estudo clínico da vacina”, explica o professor da UFMG Flávio da Fonseca, integrante do comitê gestor do CTVacinas.

A previsão é de que o prédio seja inaugurado em 2025.

Projeto mostra como será a estrutura interna (CTVacinas/Divulgação)

Projeto mostra como será a estrutura interna (CTVacinas/Divulgação)

O CTVacinas, em 2022, além de inaugurar o início das obras do Centro Nacional, conseguiu atingir um marco na história da ciência brasileira: pela primeira vez, uma vacina 100% nacional chegou aos testes clínicos.

A SpiN-TEC MCTI UFMG, imunizante contra Covid-19, já entrou na fase 2 dos testes em humanos, em um total de três fases.

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