O Brasil praticamente quadruplicou o número de pesquisadoras e pesquisadores em ranking que enumera os cientistas com maior impacto em todo o mundo. A evolução ocorreu entre 2017 e 2022 e a lista conta com o coordenador do CTVacinas, Ricardo Gazzinelli.
O ranking é elaborado por John Ioannidis, pesquisador da Universidade Stanford (EUA), e tem como parceira a maior editora científica do mundo, a Elsevier.
O salto foi registrado entre 2017, quando 342 brasileiros foram listados, e 2022, quando o número de pesquisadores de instituições brasileiras chegou a 1.294.
A UFMG ocupa o topo da lista entre as universidades federais, com 64 nomes. Em seguida, UFRGS e UFRJ dividem o segundo lugar, com 54 cada. Considerando todas as instituições, a USP lidera, com 244 cientistas na lista.

Impacto
Basicamente, a lista leva em consideração seis parâmetros retirados do Scopus, considerado o maior banco de dados de resumos e citações de artigos e revistas científicas, com mais de 35 mil títulos.
Entre os quais, estão índices de citação, citação de coautoria e número de artigos com citação com algum tipo de autoria. Esse conjunto é chamado de c-score.
“Isso mostra que o Brasil contribui significativamente. A presença de vários pesquisadores brasileiros nesse ranking, em um contexto internacional, mostra que a ciência brasileira está melhorando”, avalia Ricardo Gazzineli, um dos cientistas brasileiros no ranking.

Horizontes à vista
A evolução da ciência brasileira é nítida, mas, segundo Gazzinelli, ainda precisa receber mais atenção.
O coordenador do CTVacinas ressalta que o ranking leva em consideração “alguns dos parâmetros, mas existem muitos outros devem ser usados para avaliar a ciência brasileira”.
“Hoje, o nível de investimento em ciência e tecnologia no país ainda é muito pequeno. As instituições de pesquisa do país estão depreciadas, não conseguimos reter – e muito menos atrair – os melhores cérebros por falta de condição de trabalho”.
“Acredito que um salto na qualidade vai depender de um salto no nível de financiamento das pesquisas e das instituições, que hoje está muito aquém do desejado. Temos muito a crescer no cenário internacional”, afirma Gazzinelli.
E o cientista ainda alerta!
“Investimento em inovação é importantíssimo, mas a valorização da pesquisa básica – a base para a inovação radical -, parece não gozar do mesmo prestígio entre nossos gestores. É como construir um prédio com alicerce precário”.
“Não tem que se investir apenas em pesquisa básica, mas grande parte dos investimentos deve ser feita nesse segmento: temos muito a fortalecer na pesquisa básica”, conclui.