Vacina SpiN-TEC

SpiN-TEC representa marco na ciência brasileira

“Consolida o CTVacinas como Centro Nacional de Vacinas do Brasil, já que a SpiN-TEC será a primeira vacina contra Covid 100% brasileira”. Esse é o resumo da importância da autorização concedida pela Anvisa – o centro da UFMG recebeu o sinal verde para a última grande etapa no desenvolvimento do imunizante: o teste em humanos.

E novembro marca um importante passo para essa etapa: o início do recrutamento de voluntários. Se você tem interesse em participar desse marco para a pesquisa brasileira, fique atenta ou atento: vamos divulgar como se candidatar por aqui, nas nossas redes.

E agora? Quais são os próximos passos?

“Vamos para a Fase 1 do teste clínico. Ao todo, serão 72 voluntários para observarmos como será a reação imunológica e, ainda, se terá algum efeito adverso”, explica Karine Lourenço, pesquisadora de pós-doutorado no CTVacinas, responsável pela frase que abre esta publicação.

Quando essa fase for finalizada, a equipe do CTVacinas vai produzir um relatório com todas as observações e enviá-lo à Anvisa. “Aí eles vão aprovar o início da Fase 2 ou pedir que observemos algum ponto. Nessa segunda etapa, vamos testar em 360 voluntários”, esclarece a pesquisadora, doutora em Microbiologia.

O número de voluntários aumenta para que as observações fiquem mais precisas. Dessa forma, é possível identificar algum eventual efeito colateral com 1% de probabilidade que ocorra, por exemplo.

E o que já foi feito?

A SpiN-TEC já passou por uma série de etapas. A última foi o teste in vivo, quando a vacina que está sendo desenvolvida é aplica em animais, como hamster, camundongos e macacos. E sabe qual foi o resultado?

“Nenhum efeito colateral foi observado nesses testes. Quais efeitos poderiam ocorrer? Desde prostração desses animais até mesmo a morte, em um cenário extremo. Nada disso foi observado. E aí o processo realizado foi o mesmo que teremos de realizar em todas as fases com humanos: fizemos um relatório, que foi aprovado pela Anvisa”, afirma Karine Lourenço.

Pesquisadoras do CTVacinas (Virgínia Muniz/CTVacinas)

Pesquisadoras do CTVacinas trabalham no desenvolvimento de imunizantes (Virgínia Muniz/CTVacinas)

E mais! Os pesquisadores observaram que o reforço feito pela SpiN-TEC é mais eficiente do que os realizados pelas vacinas atuais. “Por exemplo: demos duas doses de CoronaVac e uma terceira de AstraZeneca e duas doses de CoronaVac e uma terceira de SpiN-TEC. Com a SpiN, a resposta de anticorpo foi muito melhor”, diz a doutora em Microbiologia.

Quando chega a postos de saúde e laboratórios?

Impossível precisar justamente porque depende das fases realizadas e das consequentes aprovações da Anvisa. Mas, se tudo transcorrer bem, a primeira vacina 100% brasileira poderá ser totalmente aprovada em meados de 2023.

Marco para a pesquisa brasileira

Você sabe: centros e institutos brasileiros já produzem vacina contra Covid. Mas tem um detalhe: eles produzem um trecho do desenvolvimento de um imunizante. “A CoronaVac e AstraZeneca, por exemplo, são produzidas aqui no Brasil a partir de IFAs (Ingrediente Farmacêutico Ativo) importados”, explica Karine, que também é diretora de estudo no desenvolvimento de vacina contra a Monkeypox.

“A SpiN-TEC, portanto, vai ser a primeira vacina totalmente desenvolvida no Brasil em função de uma pandemia, e desenvolvida em um tempo relativamente curto, de dois anos. Isso tem uma importância muito grande para consolidar o Centro Nacional de Vacinas. Quando começamos o trabalho de desenvolvimento da SpiN-TEC, as portas se abriram para desenvolvimento de outras vacinas”, reforça a pesquisadora.

Hoje, no CTVacinas, não trabalhamos apenas com a SpiN-TEC, mas com desenvolvimento de vacina contra leishmaniose humana, Monkeypox, dengue, malária, doença de Chagas.

Não sabia?! Então fique atenta ou atento: nos próximos dias, vamos publicar parte de todos os saberes desenvolvidos aqui que você nem tem ideia!

Procurar