Uma publicação que circula nas redes sociais e já ultrapassa 560 mil visualizações espalha uma informação falsa: a de que vacinas causariam acúmulo de metais pesados no organismo de crianças.
Para esclarecer o assunto, o Estadão Verifica, quadro do portal Estadão dedicado à checagem de fake news, ouviu pesquisadores do CTVacinas, centro de pesquisa da UFMG referência em imunizantes.
A doutora em Farmacotécnica e Tecnologia Farmacêutica Marjorie Coimbra Roque, pesquisadora da Plataforma de Assuntos Regulatórios do CTVacinas, explicou por quais motivos não há qualquer indício que sustente essa alegação.
Por que não existe chance de intoxicação?
Não há fundamentos para apontar intoxicação por vacinas porque elas não possuem metais pesados (cádmio, arsênio, mercúrio e chumbo) em sua composição.
Segundo Marjorie, algumas vacinas contêm alumínio, que não é um metal pesado. O elemento é utilizado em quantidades muito pequenas e é eliminado gradualmente do corpo pela urina.
Por que uma vacina tem alumínio na composição?
O alumínio promove uma resposta imune mais duradoura e mais forte. Em alguns casos, ele consegue manter a vacina por mais tempo no ponto da injeção. Em outros, estimula as células locais do sistema imune.
O ingrediente da vacina que tem essa função é chamado de adjuvante.
“Os adjuvantes podem conter sais de alumínio, como hidróxido de alumínio e fosfato de alumínio. Para cada vacina, existe um limite específico, mas normalmente é 1,25 mg de alumínio por dose individual humana, como é o caso da vacina contra hepatite B e a vacina meningocócica C”, explicou Marjorie em entrevista ao jornal.
Segurança garantida
Mesmo quando há alumínio na composição, a concentração é bem inferior aos limites de segurança estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Comitê Misto de Especialistas em Aditivos Alimentares da FAO/OMS (JECFA) estabeleceu uma Ingestão Semanal Tolerável Provisória (PTWI) de 2 mg de alumínio por quilograma de peso corporal por semana (2 mg/kg pc/semana).
Ou seja, se uma pessoa pesa 50kg, pode ingerir 100 mg por semana. E, para reforçar, a média de alumínio por dose individual humana é de 1,25 mg.
“Um bebê ingere mais alumínio diariamente pela alimentação, do que por todas as doses de vacinas que recebe”, reforça a pesquisadora do CTVacinas.
No Brasil, a Farmacopeia Brasileira, documento da Anvisa, define a quantidade máxima permitida de alumínio nas vacinas.
Conservantes possuem metais pesados?
A OMS explica que vacinas multidoses – aquelas usadas para imunizar mais de uma pessoa a partir de um mesmo frasco – possuem conservantes para evitar contaminação após a abertura.
Já vacinas em frascos de dose única geralmente não contêm conservantes.
Um dos conservantes utilizados é o timerosal, que contém etilmercúrio em baixíssima concentração.
“Essa substância nada tem a ver com o mercúrio, metal pesado tóxico que se acumula nos tecidos”, esclarece Marjorie e acrescenta que normalmente o etilmercúrio não está presente em vacinas pediátricas de rotina.
Para ler a reportagem completa, acesse o portal do Estadão.
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