Um ano tão próspero para o CTVacinas não podia terminar de forma diferente. O principal congresso de imunologia de todo o planeta, realizado apenas uma vez por triênio, selecionou e conheceu desenvolvimentos realizados aqui, em Minas, no Brasil.
Ao todo, cinco pesquisadoras foram selecionadas para fazer apresentação em pôster de trabalhos desenvolvidos no Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG, o CTVacinas – e futuro Centro Nacional de Vacinas do Brasil.
Trata-se do congresso da IUIS (International Union of Immunological Societies), realizado na Cidade do Cabo, na África, entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro. No evento, o coordenador do CTVacinas, Ricardo Gazzinelli, foi um dos palestrantes (veja mais aqui), além da apresentação oral de Caroline Junqueira, pesquisadora associada e uma das fundadoras do CTVacinas.
Confira um resumo sobre cada trabalho apresentado em pôster:
- Ana Clara Gazzinelli
Título: CSP vaccine for Plasmodium vivax malaria
Resumo: O alvo vacinal contra a malária causada pelo Plasmodium vivax apresentado no trabalho consiste em uma proteína quimérica recombinante chamada PvCSP-All epitopes. Durante a apresentação foi possível abordar aspectos relacionados a caracterização geral, estrutural e físico-química da quimera, além de resultados dos ensaios pré clínicos em modelo experimental onde testamos diferentes adjuvantes e formulações finais da vacina visando melhores condições de protocolo de imunização. Por fim, foi possível abordar sobre um estudo preliminar de estabilidade tanto da proteína quanto da formulação vacinal proposta onde mostramos que nossa vacina permanece estável em condições pré- estabelecidas por pelo menos 6 meses. Nosso papel no CT Vacinas é chegar até a Anvisa com a melhor proposta de vacina para assim, conseguirmos a aprovação e iniciarmos os testes clínicos em humanos.
- Bianca de Oliveira
Título: Characterization of DTL8, a conserved hypothetical protein of Leishmania, and evaluation of its potential as vaccine candidate
Resumo: O trabalho apresentado consiste em um novo alvo vacinal contra a leishmaniose visceral humana. Esse alvo, denominado DTL8 , é uma proteína que foi caracterizada quanto a sua localização e função. Em modelo animal, foi visto que a DTL8 apresenta uma capacidade imunoprotetiva. Além disso, quando associamos a DTL8 com uma outra proteína de Leishmania, vimos que essa proteína quimérica, chamada de DTL10, é capaz de proteger e tratar animais infectados por Leishmania. Com os resultados promissores da proteína DTL10 esperamos testá-la como uma vacina terapêutica em ensaios clínicos em humanos.
- Júlia Castro
Título: Immunization with an RBD/Nucleocapsid fusion protein promotes neutralizing antibody-independent resistance to infection with wild type and SARS-CoV-2 variants of concern
Resumo: O trabalho aborda o desenvolvimento de uma proteína recombinante quimérica, chamada SpiN-TEC, a ser utilizada como vacina contra a Covid-19. Em modelos experimentais de camundongos e hamsters, a vacinação com SpiN-TEC induz uma resposta imune mediada por linfócitos T, mas não de anticorpos neutralizantes. Importantemente, observa-se uma proteção robusta contra a infecção pelas diferentes variantes SARS-CoV-2. A vacina encontra-se, atualmente, em ensaio clínico de fase 2.
- Luna Lacerda
Título: Plasmodium vivax Ribosomal proteins as a universal vaccine candidate to Plasmodium
Resumo: O trabalho descreve a utilização proteínas ribossômicas de Plasmodium vivax como novos candidatos para vacina antimalárica. Estas proteínas ribossômicas são altamente conservadas e capazes de induzir uma resposta celular especifica para diferentes espécies de Plasmodium. Em modelo experimental de P. yoelii, a imunização com as proteínas ribossômicas L30 e S25 foram capazes de controlar a parasitemia sanguínea, induzir ativação e produção de citocinas por células TCD4 e TCD8, e promover a expansão de células de memória central e efetoras. Sendo assim promissores candidatos vacinais para uma vacina universal contra malária.
- Natália Satchiko Hojo-Souza
Título: DNA vaccine induces protection against SARS-CoV-2 variants of concern by different immunological mechanisms
Resumo: No início da pandemia de Covid-19, os pesquisadores do CTVacinas trabalharam no desenvolvimento de uma vacina de DNA inserindo o gene codificador da proteína Spike do SARS-CoV-2 ancestral em um plasmídeo de expressão desenvolvido pelo CTVacinas, originando o pCTV-Spike. Estudos realizados em modelos experimentais (camundongos e hamsters) demonstraram que a vacina de DNA foi capaz de induzir uma forte resposta imunológica, com níveis altos de anticorpos neutralizantes e também com indução de células T de memória. Animais vacinados com o pCTV-Spike e infectados com o isolado de Wuhan e variante Delta do SARS-CoV-2 apresentaram 100% de sobrevivência, sendo a proteção mediada pelos anticorpos neutralizantes. Já os animais que foram vacinados com DNA e infectados com as variantes Gama e Ômicron apresentaram redução significativa do vírus no pulmão. Nesse caso, as células T de memória induzidas pela vacinação é que foram as responsáveis pela redução da carga viral e proteção dos animais. Nossos resultados demonstram que a vacina de DNA é capaz de proteger modelos experimentais contra diferentes variantes de preocupação do vírus SARS-CoV-2 por meio de diferentes mecanismos imunológicos.