O diretor clínico do CTVacinas, Helton Santiago, apresentou nesta quinta-feira (15) os resultados parciais dos testes em humanos da SpiN-TEC. Essa é a última etapa antes da vacina 100% brasileira chegar aos braços da população.
Os testes clínicos – ou seja, em humanos – são organizados em três fases: e a SpiN-TEC pretende iniciar a segunda logo no início do próximo semestre.
Os resultados parciais são muito satisfatórios, segundo Helton Santiago.
“O principal parâmetro testado é a segurança e a vacina se mostrou segura, apresenta perfil de segurança bastante positivo”, afirma Santiago, pesquisador associado do CTVacinas e professor da UFMG.
“O outro parâmetro analisado foi a resposta imunológica, que ainda é um resultado muito preliminar. Mas a vacina se mostrou imunogênica, ou seja ela induz uma resposta imunológica na pessoa vacinada”, complementa.
Uma vacina segura e imunogênica até essa fase.

Com a atualização do cenário da Covid-19, está sendo realizado um ajuste no protocolo, após pedido da Anvisa, para os testes avançarem para a fase 2, quando são mobilizados 360 voluntários.
Na fase 1, foram 38 pessoas dentre mais de 1,7 mil voluntários. E, na fase 3, serão cerca de 4 mil.
E as variantes?
A expectativa é de que a vacina chegue aos braços da população em 2025. Mas vai dar conta das variantes até lá?
“A SpiN-TEC tem grande diferencial: privilegiar a imunidade celular. Todas as outras vacinas dão ênfase na imunidade humoral, ou seja, induzir anticorpos neutralizantes”, explica Helton Santiago.

“No início, pareceu ser uma estratégia excelente porque os anticorpos neutralizantes impedem o vírus de infectar as células. No entanto, a gente tem observado que esse vírus tem uma evolução muito rápida: novas variantes estão surgindo e as vacinas precisam de atualização muito rápida, o que é um desafio para a ciência”.
“Como dá ênfase a regiões mais conservadas do vírus, como a proteína N, a SpiN-TEC tende a induzir uma imunidade celular – essa resposta, até onde os testes indicam, serve para todas as variantes”, finaliza.
Mais do que uma vacina
Além de ser uma possível solução para as variantes, a SpiN-TEC possui mais um trunfo. “O fato da SpiN-TEC ser 100% brasileira é muito importante porque tem ensinado a ciência brasileira a fazer um percurso que nunca tinha sido feito antes totalmente no Brasil. Desde a concepção, a fase de testes pré-clínicos toda, a parte de síntese e formulação… todas resolvidas no Brasil”, reforça o coordenador dos testes clínicos.
“A gente aprendeu onde estão os gargalos na ciência brasileira na hora de inovar na área biomédica – e essa vacina tem ensinado a gente a resolver esses gargalos. As próximas vacinas que vierem vão achar uma avenida bem melhor construída para seguir um caminho até chegar às prateleiras da farmácia”, conclui.