Como Minas Gerais deve aproveitar a excelência de instituições, universidades e pesquisadores locais para assumir a vanguarda no desenvolvimento nacional de vacinas, fármacos, terapias e diagnósticos?
Esse foi o tema debatido em painel da 5ª Conferência Estadual de Ciência,Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, no qual uma das protagonistas foi Ana Paula Fernandes, integrante do comitê gestor do CTVacinas e professora da UFMG.
“Na minha apresentação, pontuei questões relacionadas ao desenvolvimento da biotecnologia em Minas, quais são as dificuldades para que o estado tenha na biotecnologia uma oportunidade de diversificar a sua economia e contribuir para o desenvolvimento nacional”, afirma a especialista.
Batizado de “Ciências da Vida – os avanços dos últimos anos e os desafios para os próximos”, o painel também teve a participação, além de Ana Paula, do Frederico Garcia, coordenador da vacina Calixoca; do presidente e CEO da Biominas, Eduardo Emrich; e do Paulo Caramelli, professor da UFMG e coordenador do Grupo de Pesquisa em Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Instituição e o Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da mesma universidade.
Ana Paula Fernandes reforça que avanços consideráveis foram alcançados nos últimos anos, como, por exemplo, as vacinas de RNA, os diagnósticos point of care (ou seja, fora dos ambientes hospitalar e laboratorial), rápidos e molecular.
“E Minas tem já um parque industrial significativo nessa área, mas que ainda não acompanha do ponto de vista tecnológico esses avanços”, pontua.
“Alguns aspectos foram levantados, como a escassez de infraestruturas para a etapa de produção de lotes para registro, lotes de vacinas, teste diagnóstico e fármacos que atendam as exigências regulatórias. Temos grandes fábricas, mas elas não podem parar para produzir esses lotes”, reforça Ana Paula Fernandes.
Outros desafios
Na conferência, também foram debatidos outros aspectos importantes, como a fixação de talentos, de pesquisadores altamente qualificados, pós-doutores e doutores.
“Ainda não existe uma carreira de pesquisador no Estado ou no contexto nacional para absorver no mercado de trabalho esse pessoal altamente qualificado”, contextualiza a professora da UFMG.
A conferência estadual foi realizada nos dias 4 e 5, na sede da Fapemig, com participações muito importantes, como o professor emérito da UFMG Nívio Ziviani, a reitora da UFMG, Sandra Goulart, o CEO do BH-TEC, Marco Crocco, além de reitores do Triângulo Mineiro.
Os pontos debatidos serão base para a formulação de um documento que será repercutido na a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), que será realizada nos dias 4, 5 e 6 de junho de 2024, em Brasília, Distrito Federal.