Vacinas ainda inexistentes em todo o mundo contra Chagas, leishmaniose e malária. Tecnologias de ponta, incluindo técnicas de visão computacional, para aperfeiçoar o desenvolvimento de imunizantes e diagnósticos.
Um evento de “alto nível, comparável a eventos e trabalhos desenvolvidos em qualquer outro país na comunidade científica internacional”, como definiu Ana Paula Fernandes, professora da UFMG e uma das coordenadoras do CTVacinas.
Esse é o resumo da Reunião Anual INCTV (Instituto de Ciência e Tecnologia de Vacinas) e especificamente do painel derradeiro: “Vacinas e Diagnósticos – Doenças Parasitárias”.
Realizado em 2024 no auditório da Escola de Veterinária da UFMG, o evento reuniu referências e especialistas de todo o Brasil em uma programação intensa de três dias. Ao todo, 45 pesquisadores da elite nacional compartilharam os próprios conhecimentos.
O painel derradeiro reuniu nove pesquisadoras, com dois destaques (keynote): Ana Paula Fernandes e Irene Soares, professora da USP.
“Painel de altíssimo nível, com uma ciência de alta qualidade. Foram abordados aspectos do desenvolvimento de imunizantes importantes e de vacinas de RNA, uma plataforma inovadora altamente promissora, já que induz proteção em altos níveis e possui simplicidade na produção”, resume Fernandes.
“O meu conceito é que ciência se faz com pesquisadores. Essa oportunidade de debater questões de diferentes doenças aqui, do Brasil, é essencial. Gostaria até que acontecesse com mais frequência”, avalia Irene Soares.
Leishmaniose a Chagas
Ana Paula Fernandes foi responsável por falar sobre “Uma vacina quimérica para leishmaniose visceral humana”.
“É uma vacina inédita, com rigor grande em todo o processo do seu desenvolvimento: toda a parte regulatória, de controle de qualidade, de avaliação fisico-química, enfim… Todos os parâmetros que precisam ser abordados num documento a ser submetido à Anvisa para registro dessa vacina”, afirma a professora.
Um outro imunizante abordado foi o de Doença de Chagas, na palestra protagonizada por Jacqueline Iturra, analista da Funed e pesquisadora do CTVacinas.
“Apresentei o trabalho com o diagnóstico de produção de proteínas recombinantes quiméricas pro diagnóstico de doença de Chagas, uma doença negligenciada: segundo a OMS, 10% das pessoas contaminadas desconhecem a condição e não tem acesso ao diagnóstico”, afirma.
O dia da Reunião Anual INCTV ainda contou com Mauro Moraes, da USP.
“Compartilhei um modelo de automação da contagem de placas de lise, que é um ensaio importante para a validação das vacinas desenvolvidas. Com técnicas de visão computacional, traz a possibilidade de analisar uma grande quantidade de dados em questão de minutos e reduzir o erro que existe por parte da contagem manual”, diz.
Palestrantes
O painel derradeiro ainda teve as palestras:
- Um novo antígeno vacinal para leishmaniose visceral, por Bianca Oliveira
- Vacina de RNA para leishmania visceral, por Gabriela Burle
- Estudo de estabilidade da vacina para P. vivax malária, por Ana Clara Gazzinelli
- Produção e infecção do vetor da malária, por Maisa Araújo
- Escalonamento da produção da vacina de Chagas, por Natalia Salazar
- Vacina contra o Plasmodium vivax: perspectivas, por Irene Soares