Um complexo, ainda inédito no Brasil, capaz de executar todas as etapas do desenvolvimento de vacinas: pesquisa básica, testes pré-clínicos e clínicos. Esse é o Centro Nacional de Vacinas, cujas obras foram visitadas hoje (12) pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e pelo diretor científico da Finep, Carlos Alberto Aragão.
“O centro tem importância estratégica para o país porque aqui tratamos de pesquisas e desenvolvimentos de vacinas, novos fármacos, insumos farmacêuticos ativos. E aqui já possui um grau de maturidade avançado, com a Covid genuinamente brasileira e outras em desenvolvimento, como contra dengue, leishmaniose, malária”, afirma a chefe da Pasta.
O Centro Nacional de Vacinas (CNVacinas) será um prédio de cinco pavimentos com uma área construída de 6 mil metros quadrados, no BH-TEC (Parque Tecnológico de Belo Horizonte). A previsão é de que a estrutura seja inaugurada no fim de 2025 e esteja em plena operação no primeiro semestre de 2026.
“Vai ser um marco no estudo na área de vacinas aqui no Brasil e a gente espera em breve poder inaugurar esse projeto tão importante para o nosso país, para a nossa sociedade: um projeto imprescindível para a soberania do nosso país”, projeta a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart, que recebeu a ministra e comitiva.
O centro tem investimento de R$ 50 milhões do MCTI e R$ 30 milhões do Governo de Minas.
Marcos históricos
O CNVacinas ainda não foi inaugurado, mas já existe uma equipe robusta trabalhando em desenvolvimentos inéditos em todo o planeta. Trata-se do CTVacinas, o Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG, responsável pela primeira vacina 100% nacional a chegar aos testes clínicos – ou seja, em humanos.
“Transpor o Vale do Morte é algo que devemos comemorar efusivamente, sabemos a grande dificuldade. Como o CTVacinas já conseguiu isso, com a SpiN-TEC, é isso que garante, de certa forma, o apoio futuro que o CTVacinas certamente virá a ter”, garante o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Carlos Alberto Aragão.
A SpiN-TEC, vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo CTVacinas e Fiocruz que pode integrar o PNI (Programa Nacional de Imunizações) na vacinação anual contra a doença, consolidou conhecimento em superar o Vale da Morte e abriu caminho para outros imunizantes ainda inexistentes no planeta.
“Já estamos trabalhando a todo vapor em novas vacinas para populações negligenciadas: contra leishmaniose visceral e malária já estão bem avançadas, com expectativa de serem aprovadas para ensaio clínico na Anvisa até o fim de ano”, revela o coordenador do CTVacinas, Ricardo Gazzinelli, ao também ressaltar o desenvolvimento de imunizantes contra Doença de Chagas, dengue e mpox.
“Se o Brasil não responder a suas demandas de doença, ninguém responderá. Sabemos bem o que significou no período da Covid essa dependência desses medicamentos ou de vacinas ou de insumos – e sem dúvida nenhuma que este será o principal centro de pesquisa e desenvolvimento”, reforça a ministra Luciana Santos.
Centro Nacional de Vacinas
O prédio será em formato de L, com um braço mais longo e outro, mais curto. O mais longo vai contemplar toda a parte científica, de desenvolvimento, ou seja, o coração do CNVacinas: é o estudo, desenvolvimento, teste pré-clínico, teste clínico de vacinas.
Essa estrutura vai contemplar, ainda, biotérios em condições de NB2 e NB3 – níveis de biossegurança -, setores de desenvolvimento e produção de proteína recombinante, setores de análise de genoma, de proteoma, de bioinformática, de análises de respostas imunológicas, dos testes pré-clínicos e clínicos
E, por fim, um miniauditório e uma área para receber pacientes: ambulatórios para viabilizar a realização de testes clínicos importantes.
‘Braço curto’
Já o braço curto será uma estrutura de produção de lotes vacinais em condições de boas práticas de produção, boas práticas de fabricação – o chamado BPF. Hoje não existe no Brasil um local onde é possível produzir lotes clínicos.
Como a seção BPF terá dois andares, o centro será capaz de produzir, ao mesmo tempo, pelo menos duas vacinas completamente diferentes: tanto em vetor procarioto, vacinas produzidas em RNA/DNA (genéticas), vacinas produzidas em vírus ou vacinas produzidas em células eucariotos.