Série de Seminários CTVacinas encerra ciclo inicial com 20 especialistas
Vinte referências no âmbito nacional e internacional – entre pesquisadores, professores e estudiosos – dos mais variados segmentos com interlocução com a cena científica. Esse é o resumo do primeiro ciclo da Série de Seminários CTVacinas, inaugurada no primeiro dia de fevereiro e encerrada ao fim de junho.
Estudiosas e estudiosos em imunologia, virologia, vacinas, diagnóstico e protocolos para saúde se revezaram no auditório do BH-TEC, normalmente, às quartas-feiras – sempre com um palestra gratuita para fomentar a comunidade de ciência, tecnologia e inovação.
“Os seminários foram muito bons para trocas de ideias entre pesquisadores de outras instituições e também fortalecer colaborações entre o CTVacinas e pesquisadores que não são parte do CT, envolvidos no mesmo tipo de atividade”, avalia o coordenador do centro, Ricardo Gazzinelli.
Importância e capilaridade
A série de eventos também recebeu especialistas em outras áreas, como, por exemplo, na Ciência da Computação, para falar sobre a Inteligência Artificial e suas aplicações na saúde; e no campo de gestão, para abordar a direção de pesquisas em uma instituição não governamental.
Os seminários serviram, ainda, para divulgar informações em primeira mão. Foi o caso dos resultados parciais dos testes clínicos da SpiN-TEC, a primeira vacina 100% brasileira desenvolvida pelo CTVacinas. O encontro reuniu até mesmo a mídia regional e nacional, e encheu o auditório do Parque Tecnológico de Belo Horizonte.
Também foi o caso da divulgação de um estudo com mais de dois anos de duração sobre o impacto da imunossenescência no desfecho da Covid-19.
Relembre os palestrantes
O CTVacinas publicou uma reportagem em abril para listar os palestrantes que haviam participado da Série de Seminários até aquele momento.
Relembre a lista aqui e veja o restante dos participantes do primeiro ciclo abaixo:
Leda Castilho – Desenvolvimento da Vacina UFRJvac
Detalhando os resultados do processo de produção dos três IFAs (Insumo Farmacêutico Ativo) da vacina UFRJvac, uma vacina trivalente para driblar as variantes da Covid, a responsável pela explanação foi justamente a coordenadora das pesquisas do imunizante, Leda Castilho, professora de Engenharia Química e Biotecnologia Farmacêutica do Programa de Engenharia Química/COPPE e do Programa de Bioquímica/IQ da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A UFRJvac já passou pelos estudos pré-clínicos, realizados em diferentes animais – e agora a equipe coordenada por Leda Castilho realiza os últimos experimentos relacionados a controle de qualidade e estudos de estabilidade, para o envio da documentação final à Anvisa.
Jeffrey Bethony – Desenvolvimento de Vacina contra HIV
O professor do departamento de microbiologia, imunologia e medicina tropical da George Washington University, na capital dos Estados Unidos, Jeffrey Bethony, que ainda compõe a equipe da universidade responsável por desenvolver o almejado imunizante, foi o responsável por detalhar o marco na ciência mundial: Uma vacina contra HIV.
A vacina de RNA mensageiro carrega a esperança de proteger as pessoas contra a infecção pelo HIV, já que os testes anteriores de outras vacinas não tiveram sucesso no combate ao patógeno.
João Santana Da Silva – Células T regulatórias e a aparição de lesões cutâneas
Por que surgem feridas com a leishmaniose?
O membro da Academia Brasileira de Ciências; professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP; coordenador do Programa de Imunologia Básica e Aplicada da FMRP; presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia; e ganhador do Prêmio Capes-Elsevier, em 2015, João Santana da Silva, foi quem explicou os efeitos da doença.
João detalhou, durante o seminário, como células T podem induzir, mais ou menos, a resposta imune.
“Minha pesquisa tem como objetivo mostrar que essas células regulam a resposta imune e o aparecimento de lesões em várias doenças, como a leishmaniose”, palavras do professor.
Ana Maria Caetano – Impacto de Imunossenescência no desfecho da Covid-19
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Saúde, Ana Caetano Faria, detalhou, em primeira mão, um estudo realizado há mais de dois anos sobre o impacto da imunossenescência no desfecho da Covid-19.
“Nossa hipótese, baseada em mais de 20 anos de estudos na área, era a seguinte: a imunossenescência acelerada seria importante no desfecho grave da Covid, foi um estudo muito complexo”, um resumo de Ana Caetano.
Wagner Meira – A inteligência Artificial e suas implicações na saúde
O convidado, professor da UFMG e doutor em Ciência da Computação pela University of Rochester, Wagner Meira é especializado em sistemas paralelos e distribuídos e mineração de dados, assim como a sua aplicação em redes sociais, cibersegurança, saúde, governo eletrônico e recuperação de informação, entre outros temas.
Meira apresentou estudos sobre Inteligência Artificial e as aplicações dela na área da saúde, uma conceituação do que é Inteligência Artificial, e como o tema está evoluindo.
Marcelo Morales – Rede Vírus: Nova abordagem no combate a viroses emergentes no Brasil
Um comitê que reúne especialistas, centros de pesquisa, universidades e governo para combater viroses emergentes no país. Esse foi o tema da palestra de Marcelo Morales, professor titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, doutor em Ciências Biológicas e ex-secretário do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
O estudioso apresentou os detalhes e resultados da iniciativa criada pelo MCTI no combate à pandemia de Covid-19 no Brasil: Rede Vírus.
Além de contribuir para o fortalecimento da capacidade de pesquisa em saúde no Brasil, o comitê fez parte da rede de apoio ao desenvolvimento da primeira vacina 100% brasileira contra Covid-19, elaborada pelo CTVacinas.
Isabel Kinney Santos – Vacina inédita contra carrapatos bovinos
Isabel Kinney Ferreira de Miranda Santos, professora do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, foi quem apresentou o controle imunológico inédito sustentável contra carrapatos, a vacina tridecavalente desenvolvida por pesquisadores da USP, em parceria com uma startup brasileira.
“Nunca teve uma vacina que reduziu o número de carrapatos se alimentando no hospedeiro como a nossa. Estamos com uma eficácia muito boa e facilidade de manufaturar. É muito difícil você conseguir fazer uma vacina que não seja cara com tantos anticorpos envolvidos”, diz Isabel Kinney.
Pedro Augusto Alves – Amplificação isotérmica como alternativa aos testes de diagnóstico
Testes diagnósticos mais simples, baratos e acessíveis. Pedro Augusto Alves, doutor em Ciências Biológicas, pesquisador da Fiocruz Minas e do Centro de Tecnologias de Vacinas da UFMG, foi quem apresentou detalhes sobre a amplificação isotérmica nos testes diagnósticos.
A amplificação isotérmica trata-se de uma metodologia trabalhada pela equipe do CTVacinas, responsável por facilitar o processo de diagnóstico dos testes e, assim, os torná-los mais simples e mais baratos.
“Temos focado na simplificação desses testes com a possibilidade de realizar esses testes em locais onde não há uma infraestrutura tão robusta, como hospitais de campanha. O que permite também a descentralização do diagnóstico para locais onde estão acontecendo os surtos”, diz Pedro Augusto Alves.
Mauricio Nogueira – A relação imune entre dengue e zika
Sabia que estar com dengue pode piorar (ou amenizar) o quadro da zika?
O estudioso responsável pela explanação foi Mauricio Nogueira, doutor em ciências biológicas e professor adjunto da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), que detalhou as peculiaridades das relações entre dois vírus, transmitidos pelo mesmo hospedeiro e como isso afeta o desenvolvimento de vacinas contra a dengue e zika
Helton Santiago – Resultados Parciais dos testes em humanos da SpiN-TEC
Os resultados parciais dos testes da primeira vacina desenvolvida totalmente no Brasil contra Covid.
O coordenador dos testes clínicos da SpiN-TEC e pesquisador do CTVacinas, Helton Santiago, apresentou no seminário que encheu o auditório do BH-TEC os dados obtidos até agora – efeitos colaterais, protocolos de segurança e outras informações – dos testes em humanos da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela UFMG.
O imunizante apresentou resultados preliminares satisfatórios e foi considerado ‘seguro e imunogênico’
Ada Alves – Vacinas de DNA contra dengue
Uma vacina de DNA contra a dengue que já acumula 20 anos de estudo. Esse foi o tema protagonizado pela professora e pesquisadora Ada Alves, chefe do Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais, do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz.
A explanação marcou o fim do ciclo de palestras neste primeiro semestre!