Centro Nacional de Vacinas amadurece, visitas e avanços importantes: Confira a retrospectiva 2024 do CTVacinas

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A construção do inédito Centro Nacional de Vacinas ganha forma e recebe visita de ministra, a realização de debates essenciais para a saúde pública nacional e o avanço de desenvolvimentos, igualmente inexistentes no Brasil.

Esses são alguns dos destaques do intenso ano de 2024 para o CTVacinas, o Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG.

Confira a seguir a retrospectiva 2024 do CTVacinas!

Centro Nacional de Vacinas

A inédita estrutura responsável por permitir um salto ao Brasil no desenvolvimento de vacinas e diagnósticos ganhou forma em 2024. A obra do Centro Nacional de Vacinas está a todo vapor e visível de longe por quem passa na região.

Ministra do MCTI, Luciana Santos, e comitê gestor do CTVacinas posa com trabalhadores da obra do CNVacinas
Obras do futuro Centro Nacional de Vacinas são visitadas por autoridades | Luara Baggi/MCTI

A construção, ainda inexistente no Brasil, tem o objetivo de tornar nosso país autossuficiente em todas as etapas da produção: conceitualização, desenvolvimento, estudo científico até o estudo clínico da vacina. E, neste ano, recebeu a visita da ministra de Ciência, Tecnologia e Vacinas, Luciana Santos.

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Autoridades em peso

O ano foi intenso no recebimento de autoridades importantes: tanto nacional quanto internacionalmente.

Ao longo de 2024, os laboratórios, a equipe e a estrutura do CTVacinas foram visitadas e observadas por diretores e gestores dos principais centros de pesquisa do mundo.

Diretora do NIAID é acompanhada por integrantes do comitê gestor do CTVacinas
Diretora do NIAID é acompanhada por integrantes do comitê gestor do CTVacinas | Virgínia Muniz/CTVacinas

A diretora do NIAID (National Institute of Allergy and Infectious Diseases), Jeanne Marrazzo; o chefe de departamento na Universidade de Oxford, Georg Holländer; e o diretor de grupo responsável por criar a vacina Oxford-AstraZeneca, Andrew Pollard, ficaram entusiasmados com o que viram e estreitaram parceria.

No âmbito nacional, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, conheceu os laboratórios e os pesquisadores do Centro e reforçou a sua importância estratégica.

Presidente da Fiocruz visita CTVacinas
Presidente da Fiocruz reforçou importância estratégica do centro | Virgínia Muniz/CTVacinas

O CTVacinas também recebeu a presença de autoridades estaduais, entre as quais o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, o subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Minas, Bruno Araújo, e o até então novo presidente da Fapemig, Carlos Arruda.

Integrantes do comitê gestor do CTVacinas posa ao lado do secretário de Desenvolvimento Econômico
Santuza Teixeira, Ana Paula Fernandes, Ricardo Gazzinelli e Helton Santiago posam ao lado de Passalio | Victor Fagundes/Ascom Sede

O histórico se torna rotina

O Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG fez história ao desenvolver a primeira vacina 100% nacional a alcançar os testes em humanos. O que nunca havia sido realizado antes pela ciência brasileira agora está se tornando rotina.

Mãos seguram frascos de vacinas desenvolvidas pelo CTVacinas
CTVacinas avançou em desenvolvimentos de vacinas no ano de 2024 | Gustavo Andrade/BH-TEC

VaxLeish 

Em 2024, a VaxLeish teve sucesso nos ensaios pré-clínicos, ensaios de toxicidade e segurança. “Não apresentou nenhum efeito adverso. É uma vacina que já está no controle de estabilidade e todos os requisitos que a Anvisa pede já estão sendo preparados”, resume Bianca de Oliveira, pesquisadora à frente do desenvolvimento.

A expectativa é de que os testes em humanos sejam iniciados em 2025.

Vivaxin

Avanços semelhantes foram alcançados pela Vivaxin, a vacina contra malária causada pelo Plasmodium vivax. “Estamos em fase final dos testes que garantem qualidade e segurança da vacina, além do desfecho não clínico da formulação em modelos experimentais que garantem sua eficácia”, sintetiza Ana Clara Gazzinelli, à frente do imunizante.

“A nossa perspectiva é que em março essa vacina chegue até a agência regulatória (Anvisa) solicitando autorização para início em estudos humanos de fase 1”, conclui.

Hepatite D

Outro desenvolvimento ainda inexistente em todo o planeta é o diagnóstico da hepatite D. Em 2024, o trabalho foi apresentado em evento internacional, o World Hepatitis Summit, em Portugal, e também superou etapas.

“O teste foi validado com a amostra de 8 genótipos do vírus em um laboratório de referência na França. A gente realizou neste ano a produção dos lotes de registro e já começamos as validações dos três lotes”, explica a líder de plataforma do CTVacinas, Thiciany Lopes, à frente do desenvolvimento.

“A previsão é entrar com o pedido de registro dos testes em 2025”, projeta.

Doença de Chagas

A vacina terapêutica contra Chagas está nos testes pré-clínicos, ou seja, nos animais – neste caso específico, em camundongos.

“A gente já fez todos os testes usando a vacina como profilaxia – e todos foram muito promissores. Miramos o ensaio clínico como uma terapia associada ou não ao benzonidazol, que é a medicação disponível no mercado”, contextualiza Júlia Castro, pesquisadora à frente do trabalho.

Dengue

A vacina contra dengue também avançou na fase pré-clínica, com avaliação de imunogenicidade e proteção dos animais. O CTVacinas trabalha com as vacinas monovalentes e tetravalente.

“Estamos abrangendo todos os sorotipos no desenvolvimento e avaliando o potencial vacinal dessas formulações de cada antígeno em conjunto. Com a abordagem de DNA e mRNA para as duas proteínas de forma independente, NS1 e Envelope”, explica Sarah Sergio, pesquisadora responsável pelo desenvolvimento.

“Além disso estamos buscando entender o mecanismo de resposta e proteção para conseguirmos desenvolver estratégias cada vez mais efetiva”, finaliza.

Influenza

Resultados importantes, na mesma fase pré-clínica, também foram alcançados pelas duas vacinas desenvolvidas no CTVacinas contra Influenza, que utilizam DNA e RNA como plataformas vacinais.

“Nos ensaios de imunogenicidade, na fase pré-clínica, as duas vacinas induziram a produção de altos níveis de anticorpos e resposta celular. No delineamento dos imunizantes, selecionamos como alvo vacinal a nucleoproteína, uma proteína interna e altamente conservada, o que amplia o espectro da resposta frente a diferentes subtipos de influenza”, afirma a pesquisadora Lídia Faustino.

A vacina baseada em DNA, chamada pCTV1-NP, foi eficaz na proteção contra subtipos de influenza sazonal (H1N1 e H3N1), suína (H1N1) e aviário altamente patogênico (H5N1). O lote BPL (Boas Práticas Laboratoriais), para o início do ensaio de segurança, está em desenvolvimento.

” Se tratando da vacina de RNA, os ensaios de proteção ainda estão em desenvolvimento, mas podemos adiantar que o imunizante foi eficaz na proteção contra o subtipo H5N1″, conclui Lídia Faustino.

Equipe de ponta

O ano marcou premiações e conquistas da equipe. Santuza Teixeira, professora da UFMG e uma das integrantes do comitê gestor do CTVacinas, tomou posse no Conselho Curador da Fapemig. Outra coordenadora, Ana Paula Fernandes, foi um dos destaques na conferência estadual de ciência, tecnologia e inovação.

A pesquisadora Bianca de Oliveira recebeu o Grande Prêmio UFMG justamente com a tese da vacina contra leishmaniose. Júlia Castro e Graziella Rivelli também foram agraciadas pela Faculdade de Farmácia pela excelência profissional.

Bianca de Oliveira recebe certificado das mãos da reitora e do vice-reitor
Vice-reitor, Alessandro Moreira, e reitora, Sandra Goulart, entregam certificado a Bianca de Oliveira, pesquisadora do CTVacinas | Raphaella Dias/UFMG

Disseminador de ciência

O CTVacinas se consolidou como disseminador de ciência de alta qualidade. A Série de Seminários concluiu a segunda edição com mais de 30 palestras, todas gratuitas, protagonizadas por especialistas de todo o Brasil e planeta.

Câmera em primeiro plano com Helton Santiago apresentando palestra ao fundo
Todas as palestras foram transmitidas ao vivo e estão disponíveis no canal do YouTube | CTVacinas/Divulgação

O Centro potencializou essa disseminação ao transmitir ao vivo todos os seminários no canal do YouTube. Ainda foi lançado um novo site e quebrado números de seguidores em todos os canais, como Instagram e LinkedIn.

A Reunião Anual do INCTV também foi um sucesso ao reunir 45 pesquisadoras e pesquisadores de todo o Brasil para compartilhar os conhecimentos e os desenvolvimentos.

Infecção humana controlada em pauta

Um evento inédito e essencial no Brasil foi realizado: simpósio internacional sobre infecção humana controlada (CHIM). Uma técnica, já consolidada em países diversos da Europa, África e América do Norte, capaz de acelerar o desenvolvimento de vacinas e torná-lo mais eficiente e barato.

Mesa de abertura do simpósio internacional CHIM
Simpósio realizado na UFMG reúne referências globais em infecção controlada | Virgínia Muniz/CTVacinas

Durante dois dias, cientistas e especialistas de continentes diversos vieram a Belo Horizonte para debater a técnica, ainda embrionária no Brasil.

Vanguarda

A equipe do CTVacinas, mais uma vez, esteve presente nos principais eventos relacionados a desenvolvimento de vacinas e teste diagnóstico.

Os trabalhos foram apresentados fora do país, como no World Hepatitis Summit, em Portugal, onde o teste de hepatite D foi detalhado, e Vaccine Technology IX, no México, onde o CTVacinas compartilhou o desenvolvimento de vacina contra leishmaniose.

Plateia e palco em segundo plano da abertura do MEDTROP
Equipe do CTVacinas presente no MEDTROP, congresso nacional sobre medicina tropical | Divulgação

E também dentro do Brasil, como no MEDTROP, o Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical realizado desde 1929, e no congresso da SBI, o principal do Brasil na área de imunologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Imunologia.

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